segunda-feira, 7 de junho de 2010

Espécimes longe de extinção


Ultimamente eu tenho lidado com um crescente número de pessoas mentirosas. “Normal”, você deve estar pensando, “mentirosos existem em grande número desde sempre”. Concordo. Por ser uma pessoa de natureza desconfiada, nunca descarto a possibilidade de que as pessoas não sejam o que aparentam e de que elas podem estar mentindo ou omitindo partes da verdade, feliz ou infelizmente, eu sou assim. Chame-me desiludida, pessimista, negativista, o que eu sou não vem ao caso, interfere apenas na maneira com eu lido com a informação, seja ela, tenho convivido com um número maior de mentirosos.
Faz diferença a minha posição de esperar sempre o pior das pessoas? Faz alguma. O tempo gasto em surpreender-se com a descoberta deste vício, a mentira, por exemplo, em mim é curtíssimo. É como se eu já esperasse por aquilo ou coisa pior. Falta-me a indignação recorrente nos que mantém maior fé na idoneidade das pessoas, sobra o tempo para observar melhor o comportamento dos espécimes – mentirosos – em ação.
Reparei vários pontos importantes sobre o comportamento dos mentirosos observados, alguns deles quebram certos mitos divulgados sobre tais espécimes. Percebi que o mentiroso é pouco inteligente. Muita gente acha que para criar uma versão alternativa de fatos é necessário ter muita imaginação. Bobagem, o mentiroso procura o caminho mais rápido e óbvio para suas mentiras, geralmente, ele improvisa as mentiras o que prejudica a verossimilhança, sua capacidade de raciocinar com velocidade o bastante para inventar mentiras sem furos é pequena nestes casos. Sem contar o fato de que o mentiroso quase nunca é especialista naquilo sobre o que precisa mentir, a falta de conhecimento técnico o desmascara na frente de qualquer um que tenha o mínimo conhecimento verdadeiro sobre o assunto.
Percebi ainda que os mentirosos são muito temperamentais, escolhem suas vítimas conforme suas afinidades pessoais. A parcialidade na emissão de suas lorotas os denuncia. Quem além de um mentiroso descarado descreveria com despeito na voz coisas que não ocorreram como se elas tivessem ocorrido?
Além disso tudo, o mentiroso quase sempre é covarde, jamais revela a sua inimizade para as pessoas pelas quais nutre algum ressentimento, sua arma é a mentira porque é incapaz de confrontar o seu alvo e lutar com armas honestas. E o mais alarmante, esses espécimes vomitam a sua peçonha quase sem sentir, não se dão conta do mal que espalham, são praticamente doentes contagiosos sem consciência de seu estado epidemiológico.
Recomendo como remédio eficiente para repelir estes espécimes a utilização de grandes doses de franqueza e sinceridade de opiniões, de preferência com muitas testemunhas oculares e auriculares, para garantir que o seu veneno não subverta o antídoto em agente corrosivo e o lance sobre a sua pessoa. A distância também seria uma boa recomendação, quando não for impossível.
Fica o alerta: conheçam o inimigo e entendam suas fraquezas.

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