sábado, 26 de janeiro de 2013

Solidariedade


Pra que ajudar os outros? Eu estava ajudando aquele rapaz pela razão mais deslavada do mundo, por educação. Não porque eu fosse uma pessoa muito educada, era por condicionamento puro. Fui criada ouvindo dizer que devemos ajudar os outros, não só para alimentar nosso ego altruísta, mas porque negar auxílio ao próximo vale uns 100 pontos negativos na passagem para o Céu. Entende? Não basta ser bom e ficar na sua para alcançar a benção de Deus, você precisa colocar a mão na massa, cruzar os braços é o mesmo que ofender o santíssimo. Naquela altura da minha vida, eu não cria mais nessas patacoadas de Céu; no inferno eu acreditava um pouco, de qualquer forma, eu já tinha levado muitas bordoadas pela testa para achar que existe retribuição para as nossas bondades nessa vida, porém, o contrário, neste eu não podia deixar de crer jamais. Quer dizer, ser bom não tem recompensa, mas ser um miserável filho da mãe e foder com os outros de propósito, ah.... Isso não é coisa de passar impune. Nessa vida tudo tem troco. 

Como eu ia dizendo, tentar ajudar aquele rapaz fazia parte do que eu fui, era um ato automático, sem muito raciocínio, eu não estava de fato preocupada com ele.
Ajudá-lo era como me ajudar. Não havia nenhum mérito nesse meu ato. Será que foi isso que quiseram dizer quando mandou escreverem que o que a mão direita faz a esquerda não precisa saber? Foi como um "abaixa a bola que tu só faz o que te convém"?

Eu tava ajudando de má vontade, por descarrego de consciência, porque ajudar era mais fácil do que explicar o porquê de não ajudar. Mas se pudesse, não ajudava. Entende?

O peso de um nome


Eu não sabia mesmo não, de onde tinha vindo esse nome que eu tenho. Era só o meu nome, o primeiro nome ainda, todo mundo só dizia ele errado, eu nem ligava de corrigir. Nem sei por que me puseram esse nome, aliás, nem sei por que me puseram nesse mundo. Antigamente, os pais tinham uns quinze meninos, nem dava pra lembrar os nomes de todos. Deve ser por isso que se botava tanto apelido. O apelido tem a cara do dono, o nome nem sempre.

Mas, por que foi mesmo que me puseram no mundo? Deve ter sido por nada; pior, foi por acidente. Também, numa droga de mundo desses, para alguém decidir de sã consciência fazer um filho tem de ser muito pancada. Todo mundo nasce por acidente, puro conformismo da genitora. Minha mãe me dizia: “Minina, te pari por pena de te tirar”. Ela dizia na hora da raiva, devia ser verdade. O nome era isso, o desprezo de minha mãe em não me dar um nome melhor.