quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cérebros piolhentos

O supra-sumo da invencionice divina foi o cérebro humano. Colocado no crânio de um primata tão piolhento quanto todos os outros, esta magnífica máquina orgânica de gerar idéias e armazenar memórias alçou a existência careta e sem novidades da vida sobre o planeta Terra aos píncaros de uma existência cujo destino é desconhecido.

Sem cérebro os outros animais do planeta não são capazes de fazer nada além do que foram programados a fazer. Os animais não modificam o ambiente em que vivem, não jogam lixo no espaço, não esculhambam com o clima, não contaminam os solos ou envenenam os mares. Nós, seres com um cérebro pensante, somos dotados da capacidade de aprender e ter curiosidade, por isso nunca conseguimos deixar as coisas no lugar em que encontramos. Somos fascinados por desarmonizar o que já nasceu harmonizado e experimentar maluquices das quais mal desconfiamos das conseqüências para nós e para todos. Sinceridade? Não nos preocupamos com as conseqüências.

Parece que Deus se enganou um pouco com o brilhantismo de sua invenção, Ele achou o cérebro “aprendedor” suficiente para dotar a humanidade da capacidade de progredir e se tornar algo melhor. Estava enganado, o Iludido. A Humanidade aprende muito devagar e desaprende rapidinho. A possibilidade dos 6 bilhões atuais de primatas cerebrados sobre o globo aprender novos hábitos de vida que nos poupem da extinção total é distante. Nosso fascínio por inutilidades e mesquinharias é maior do que nossa capacidade de conservação.

É justamente esta a beleza da nossa existência piolhenta: não saber o que virá depois. Conquistaremos o universo e povoaremos outros mundos para esculhambarmos ou aprenderemos a prolongar a vida útil do nosso próprio planeta? Nossos cérebros são magníficos ao ponto de solucionar esta equação vital?

Terá graça desmerecermos o ato do nosso Criador de nos fazer caóticos e autodestrutivos para nos rebaixarmos ao nível das outras formas de vida sem inteligência que conseguem viver em harmonia com seu habitat?

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