quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sobre a verdade das coisas


Por que duas histórias contraditórias não podem ser verdade? Afinal, todas as coisas são verdadeiras e falsas, são yin e yang. E o que importa? Se o sol nascer e se pôr todos os dias, e a chuva cair e água dos mares evaporar e tornar a chover, e as plantas crescerem, os animais as comerem, morrerem, virarem esterco para adubar as plantas, se tudo isso pode acontecer sem interferência de crenças ou explicações, então, por que questionar o mundo?

No princípio, o mundo era somente dúvida e ignorância. Não porque faltasse explicação, mas porque os homens tinham pouco conhecimento. Com o tempo, os homens substituíram o medo e a superstição pelas explicações. O universo é infinito, o saber também; sempre haverá coisas para se descobrir, portanto, dizer “isto é possível, isto não” é declarar algo sem conhecimento de causa. Tudo é possível, o verdadeiro pode ser falso e o falso verdadeiro, nada é absoluto. Hoje, podemos jurar de joelhos que uma coisa é certa. Amanhã, se nos obrigarem, juraremos que é errado. Desse jeito, certo e errado são convenções arbitrárias em alternância, uma hora são, outra hora não são. Quantas vezes assistira a tudo mudar e ficar igual outra vez?

Provas havia do seu ceticismo, porém, a sua descrença não atingia toda a realidade circundante, recaía especialmente sobre as pessoas. Sobre gente não há nada novo para acrescentar nos anais da história humana, sobre a natureza e a ordem universal sempre haverá. O Homem jamais terá conhecimento de tudo, deve, então, contentar-se com o conhecimento parcial e acostumar-se a acolher o impossível como possível quando chegarem as ocasiões.