sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dedos podres ou Os eleitores que não sabem escolher

Conhecem aquela história de pessoas que possuem os dedos podres? Como as mulheres que dentre dúzias de opções escolhem somente os homens mais complicados, ou o consumidor pé frio que escolhe sempre as verduras estragadas, quem só compra gato por lebre e os que escolhem sempre as piores amizades.

Pois é, o Brasil é um país de eleitores com os dedos podres. Para nós, brasileiros, não basta sair nos jornais que um político candidato às próximas eleições está envolvido em falcatruas para que não votemos neles. A cada nova eleição a população elege e reelege figuras suspeitas com ficha corrida, histórico de pilantragem e até mesmo criminosos perigosos, acusados de pedofilia, tráfico e o diabo a quatro.

Está sendo aprovado o "Ficha limpa", medida jurídica para impedir os brasileiros de se tornarem vítimas de um dos seus maiores defeitos, o dedo podre na hora de escolher seus representantes políticos.

Eu me pergunto qual classificação dar a este eleitorado míope, aparentemente desprovido de qualquer senso ético e inapto a julgar por si mesmo quais candidatos não merecem confiança. Nossa incapacidade de escolher direito obriga-nos a criar leis para garantir que se cumpra o óbvio: não escolhamos o pior à disposição.

Pergunto-me ainda até que ponto os nossos veículos de comunicação em massa estão cumprindo seu papel de alertar a população sobre a ficha corrida dos candidatos em todas as partes do país. Pelo que vejo, a realidade do nosso país não está bem retratada em nossos jornais e telejornais. Os mistérios sobre o nosso sistema eleitoral, sobre os jogos de interesse que decidem as eleições, sobre os currais eleitorais e trocas de favores permanecem omitidos pela imprensa, esquecida de sua responsabilidade social para com os telespectadores, provavelmente comprometida por seus patrocinadores.

Imagino que daqui para frente os políticos de "Ficha suja" serão obrigados a procurar substitutos submissos e sem ficha corrida para indicarem como seus sucessores. Aí é que está, se não somos capazes de escolher bem sequer quando o óbvio salta-nos sobre os olhos, quanto mais em ocasiões em que os defeitos estejam mascarados.

Daqui para frente seremos obrigados a prestar a atenção no que nos dizem os candidatos durante o horário eleitoral para sabermos se estão dizendo coisa com coisa? Sim, pelo que parece, precisamos quitar este débito com a nossa democracia.

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