Eram 7 horas. Da manhã. O vento frio não aliviava o enjôo e a calçada ficava no caminho tentando fazê-la tropeçar. A mulher baixinha e velha do guichê respondia que "sim" à sua pergunta apertando o óculos no rosto naquele gesto clássico de quem usa óculos.
- Sim, é hoje. Não, não agora de manhã. À tarde. Posso sim, qual seu nome? Costa? Cravo? Certo. Às duas.
Faltavam seis horas. Cinco horas e quarenta e quatro minutos. Saiu para a rua. Andava devagar para deixar o tempo andar mais rápido. O vento não soprava mais frio, nem soprava. O sol esquentara e queimava o rosto escondido atrás dos óculos escuros. Um prédio alto tapou o sol e o dia virou noite pelas lentes escuras. Passou o prédio e o sol voltou.