sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Trova I


Aprendi esta história, com pessoa nada santa
Que me disse: “Amigo, vou lhe contar este caso,
Para o acaso de algum dia, nas tristes carreiras da vida
Encontrares o Inimigo, longe de terra santa
E mesmo sem uma lança, fique livre do perigo.

Antes que nosso Senhor penasse na Cruz por nós
Andava o Diabo solto, fazendo as suas lambanças.
Sem regra nem temperança, erguia o Homem pelo cós
Fosse noite ou fosse dia, sem feriado ou descanso.

O Homem clamou ao Céu por maior reconhecimento,
Prometendo em troca da guarida oração e ornamento.
“Tá bem”, respondeu o Emissário ao humano requerimento.
“Decreto de hoje para frente o seguinte regimento:

Proibidos estão os demos de atentar no turno diurno;
Estabeleço o clarão do dia como repouso do Avesso.
Fica assim, por direito adquirido estabelecida a carga horária
De tentadores e atentados, estando sujeitos os desrespeitosos
Ao castigo justo e divino Preço”

E assim foi e seguiu sendo por muitas eras:
O Demo escondido e reinando nas Trevas,
O Homem crescendo e multiplicando na Terra,
E Deus vigilante espiando do Céu.

Mas o Homem,  criado por Deus em má hora,
De tanto aprontar e fazer marolas
Fez o Cão gargalhar  nas profundas do Inferno
Fez a Deus de desgosto chorar no  Éden.

As lágrimas da divindade despencaram diluvianas
Arrasaram babilônias e babéis desprevenidas,
Afogaram bons e maus,  pouparam só Noé
E a sua Arca da Aliança.

Ressabiado, prometeu Deus jamais punir os homens
(com afogamentos). Da próxima seria fogo,
Praga, Guerra, Fome, Peste
Tsunami ou crack da Bolsa.

Nenhum comentário: