terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Canção de despedida

A primeira vez em que senti o peso da palavra despedida foi no pré-escolar. Fim do primeiro ano de estudos, festas de natal, despedidas. Passamos uma semana ensaiando a "Despedida" do Roberto Carlos. Quem conhece sabe que essa música é muito triste, para mim pelo menos, quando ouço "Despedida" do Roberto eu sempre sinto que quem está se despedindo vai morrer, nunca mais voltar, está dando um adeus definitivo. O fato é que chorei pra me despedir de colegas e professores que na maioria estavam lá no ano que chegou.

Não sei se para não repetir essa primeira dose de nostalgia antecipada, ou por uma outra razão aqui não aparente, passei a detestar despedidas. Fujo delas sempre que posso. Dou bolo em confraternizações de final de ano, em encerramentos, em culminâncias, em velórios. Até em velórios. Quer adeus mais definitivo do que o último?

É desnecessário ficar expressando nosso pesar pela interrupção da convivência com os outros. Primeiro, talvez nem exista o tal pesar, há pessoas que não nos fariam falta nenhuma e às quais a ausência ou presença nos seria indiferente.  Por que chorar se a pessoa nem está morrendo? Não é gosto por melodrama?

Infelizmente, vivemos em uma sociedade tão hipócrita que nos sentimos obrigados a fazer de conta que sentiremos falta das pessoas. Quer dizer, as pessoas andam com a autoestima tão em baixa que precisam de qualquer migalha de fingimento para não se sentirem mais em baixa ainda. Será possível que ninguém é seguro o suficiente para, mesmo não recebendo nenhuma declaração de amor de última hora do sujeito para o qual só disse "bom-dia" por educação, sentir-se ainda o mesmo de sempre sem tirar nem pôr pedaços de amor próprio? As pessoas dependem demais da opinião alheia (sempre dependeram, eu acho) e isso é um peso desnecessário. São rituais aos quais nos obrigamos para demonstrar sentimentos que não possuímos.

Claro, nem todas as despedidas são hipócritas. Não vamos exagerar no ceticismo.   É a artificialidade do ritual que me incomoda.

Finalizações, fechamentos de ciclos, são coisas necessárias... É necessário dizer que acabou o que todos estão vendo que está acabado? Comemorar o fim de uma guerra, celebrar o término de um período detestável, aí sim, parece-me mais adequada a celebração. Mas, dados os descontos, não é suficiente um "tchau, até logo"? Faz mais sentido fingirmos que nos veremos de novo em breve, que a separação é momentânea do que demonstrações sentimentais forçadas.

Então é isso. Acabou.

Nenhum comentário: