domingo, 16 de maio de 2010

Humanas Criaturas


A criatura humana entrou em decadência dois minutos após a Criação. É penoso a ela reconhecer a descentralização do Universo, é penoso reconhecer como o umbigo não atrai para si os desvelos de toda a corte celestial.
A criatura humana crê em um Criador até se por sobre os dois pés e alcançar a fruta das ilusões. Ela nega a um deus inventado, remédio para todos os males, resposta para todas as perguntas, pão para todas as fomes. A criatura humana desconhece o seu papel no cosmos: rejeita a passagem do tempo, rejeita as adversidades da vida, rejeita a inevitável morte. Mas ela clama pelo deus rejeitado quando se aproxima a hora de agonia, porque as ilusões são vazias, disfarces para uma verdade inegável. Deus existe, não existe para servir aos caprichos da presunçosa criatura, existe para que tudo o mais possa existir.
O Criador não é um ser isolado, é a obra em si e tudo que dela faz parte. A criatura humana é parte da Criação, mas ela prefere abrir mão do seu papel para se acomodar. Deseja que o Universo se expanda sem ela, deseja o fim da violência, a solução para as guerras e para a fome, o fim da poluição, contanto que não seja necessário erguer-se um dedo para isso. A criatura humana é fútil, burra e preguiçosa. Joga sobre o seu deus inventado a responsabilidade de suas omissões e egoísmos. A criatura humana sonha com uma pós-vida sob a medida de seus egoísmos. A criatura humana aprende devagar, esquece rápido, desiste cedo, reclama muito.

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