quinta-feira, 2 de maio de 2019

Há tanto tempo

Faz tempo que não escrevo.
Como vai?
A distância se pôs entre nós
e ficou maior sem sentirmos.

Então veio o silêncio.
Sem mais palavras,
sem acenos,
sem bons dias e boas tardes polidos.

Éramos tão amigos,
íntimos,
até não sermos.

Foi o tempo que nos separou
Sim, foram as horas
os minutos
os segundos
os ditos
os não ditos

Quem nos separou foi o espaço
nos perdemos
estávamos no mesmo lugar
mas em tempos diferentes
remotos
futurísticos

Foi o devir que nos separou
nossos sonhos
não sincronizados
fora de ritmo
nossos passos
descalços sobre pedra quente
em tijolos vermelhos de sangue

Foram as feridas
não curadas
envenenadas
enegrecidas
encobertas por falsos sistemas de autoproteção

Foram as lembranças
doloridas
indeléveis
traumatizantes
repetitivas
obsessivas
sempre presentes
não esquecidas

Foi o medo que nos separou
das multidões
da morte
de sofrer
de amar
de se entregar
do fim...

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