Pra encher a barriga
voltava do mercado com sacolas recheadas de verduras brancas.
A médica recomendava usar calcinhas brancas e passá-las com ferro branco.
Pra evitar as doenças brancas que a chuva traz.
Mas o destino branco não falha,
desaba branco sobre os telhados sem cor.
É inverno e a neve e o frio chegam como sempre, negros
Secam os olhos dos velhos chorosos,
de lágrimas brancas mortiças,
e as levam para o norte na direção da morte.
A casa da morte, velha morada úmida, cercada de raízes ocas
abriga a todos os desgarrados da vida,
a terrível e malvada que a ninguém perdoa.
Abriga também as lágrimas brancas, coletadas pela neve sempre negra que veio do sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário