segunda-feira, 29 de julho de 2013

A casa da morte



Pra encher a barriga
voltava do mercado com sacolas recheadas de verduras brancas.
A médica recomendava usar calcinhas brancas e passá-las com ferro branco.
Pra evitar as doenças brancas que a chuva traz.

Mas o destino branco não falha,
desaba branco sobre os telhados sem cor.

É inverno e a neve e o frio chegam como sempre, negros
Secam os olhos dos velhos chorosos,
de lágrimas brancas mortiças,
e as levam para o norte na direção da morte.

A casa da morte, velha morada úmida, cercada de raízes ocas
abriga a todos os desgarrados da vida,
a terrível e malvada que a ninguém perdoa.

Abriga também as lágrimas brancas, coletadas pela neve sempre negra que veio do sul.

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