sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Jorge Amado

Jorge Amado foi o primeiro escritor baiano com o qual tive contato, li quase de uma vez dez obras do escritor. Viajei com sua ficção pelos terreiros de Salvador, a cidade baixa dos pescadores pobres e das meretrizes, pelo sertão seco do preconceito, pelo coronelismo dos donos das roças de cacau, de fumo, de cana. Amado mostra o baiano e o mais pobre, simpatiza com os dois, denuncia o patriarcado e o protecionismo sem se divorciar deles. Ele é ao mesmo tempo o vate que bebe nas mesas dos rotary clubs e o vagabundo que cai na sarjeta na beira do cais.


Dizem da sua obra que Jorge caricatura a mulher baiana, a transforma na Gabriela e na Tieta objetos. Mas a Tieta não é a puta que manda em político e a Gabriela não é a mulata que ignora as convenções do casamento e só quer ser feliz? Sem esquecermos da Tereza, a cansada de guerra, que sofre tudo de ruim que pode acontecer com uma mulher, mas é mulher forte e perigosa, dona de si e defensora dos outros, capaz de ódio e de amor.

Foi na obra do Jorge que eu aprendi o nome dos santos do candomblé, o significado de suas cores e o perigo pelo qual seus filhos passaram e passam, fugindo do cacetete da polícia para professar a sua fé. O Jubiabá foi meu primeiro grevista, grilagem de terra só tomei conhecimento nas Terras do Sem Fim. E a história da minha cidade, não é super parecida com a formação do povoado da Tocaia Grande?
A safadeza da obra do Amado é escrita e esculpida a safadeza estampada ainda hoje nas gazetas. São cem anos, não muito longe de nós pela sua atualidade.

Nenhum comentário: