sábado, 24 de julho de 2010

Decidi pintar um quadro

Decidi pintar um quadro cheio de adjetivos incompreensíveis e riscos esnobes. Meu quadro contará histórias ultraromânticas de paixões loucas e mortes carregadas de insanidade. Ele fará as pessoas suspirarem por sua simplicidade em misturar elementos complexos e torná-los uma coisa totalmente sem lógica. Será ilegível para os menos sensíveis e feio para a maioria. Causará vômitos nas damas das galerias e ereções em centenários cegos. Será um quadro mudo, como todos os quadros devem ser, e será um grito de desespero da pintora sem dedos.

Começará por uma tela sem cores, nem o branco, e terminará por uma explosão da ausência de contornos. Os meios ficarão vazios e a extremidades também. Terá movimento a imagem, os olhos correrão de um lado ao outro tentando encontrar algo para ser enxergado.

Ficará pronto com certeza algum dia, ou noite, no meio de uma hora cansada, entre um gole de café e um bater de porta.

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